domingo, 24 de julho de 2011

Indiferente?

Desde que acordei não sinto o sangue circular no meu rosto. Meu estômago parece adaptado a ficar vazio e a não gritar por comida. Não suporto as músicas que ouvia. Tenho vontade de queimar a televisão. Não quero ficar sentada. Cansei de ficar deitada. Fico tonta quando fico em pé. Não enxergo bem no escuro. A luz me irrita. Respirar é cansativo. Sobrevivo pelos segundos que meus olhos se perdem em algum ponto desfocado do espaço enquanto fico pensando na textura no lençol, no barulho do jornal no quarto, no cheiro dos pulmões. Mas volto a viver na dor quando foco na guerra que travei entre minha memória e meu comportamento repudiado. Afogando meu peito numa agonia que chega a dar vertigem de morte. Congela meu corpo, sobrando para os olhos expulsar toda a tempestade na forma de lágrimas. Sim, não, indiferente. Se rio, se choro, se beijo, se sei, se conheço, se quero. Sim, não, indiferente.