sexta-feira, 22 de outubro de 2010

bobagem

Volto pra casa. Ainda está sol, muito forte e quente. A estrada não muito longa parece ganhar mais alguns quilômetros.

O motorista acelera e em pouco mais de duas horas chego ao ponto do ônibus que me deixará na porta de casa.

No caminho uma nostalgia boba me abraça. A praia, o pôr do sol, a saúde personificada em atividades ali. Entre um grupo de capoeira e um cara correndo na orla, surgem umas caras pintadas. De roupas largas, um de nariz vermelho, outro de camisa listrada, garrafas de cerveja que parecem ganhar vida, ou dar vida. Mas o que se destacou foi o impulso incontrolável de um deles que corre pra areia, deita ao lado de uma mulher que tomava banho de sol e sem que ela percebesse começa um jogo de espelhos.

De dentro do ônibus, como outro impulso, não consigo conter um sorriso. Antes que o sinal abrisse para continuar o trajeto a mulher percebeu a presença daquele cara ali e começa uma conversa. O ônibus volta a andar e os rostos, as esquinas e as memórias repentinamente afloram em mim, como sinestesias malucas. Mais uma vez o motorista para, dessa vez para umas pessoas saírem. Era uma sexta, horário que as crianças saem das escolas, horário que me faz lembrar quando minha mãe me buscava no colégio, me levava no dentista e depois, malandramente pedia um sunday de chocolate do bob’s, alegando que o aparelho estava machucando. Várias crianças entraram no ônibus.

Mas o que me chama total atenção é um senhor, avó com seu neto de poucos anos no colo no ponto do ônibus. Os olhares e as risadas que eles trocam me prendem de tal maneira que meu sorriso de segundas atrás se estende.

Cada rua, esquina, loja, prédio, qualquer espaço dessa cidade passa a ter um olhar valioso.

Voltar pra minha casa, pra minha cidade e ter esse pronome possessivo nos sentidos é incrivelmente recompensador.

Finalmente sinto casa.

Um comentário:

marcia disse...

Veja você como existe beleza nas duas pontas. A primeira, densa... tão linda quanto a ultima(do momento, porque outras virão e nunca haverá uma ultima permanente), leve... dois momentos sublimes, porque foram vistos e sentidos com os olhos da alma!!!
maravilhoso!!! Faço minhas , as palavras do ultimo parágrafo, do Mel, no comentário para PARADOXO.
Maravilhosoooooooooooooooooo